Archive for the 'Becker' Category

Escola de Chicago, segundo Becker (1996)

BECKER, Howard. 1996. Conferência: a Escola de Chicago. Mana 2(2):177-88.

AS DUAS HISTÓRIAS “menores” DA SOCIOLOGIA

[A] história da prática da sociologia, dos métodos de pesquisa e das pesquisas realizadas, porque não se deve tomar como óbvio que as idéias foram as forças motrizes ou a principal realização de qualquer escola sociológica. De um determinado ponto de vista, que defendo com firmeza, a história da sociologia não é a história da grande teoria, mas a dos grandes trabalhos de pesquisa, dos grandes estudos sobre a sociedade. (Becker 1996:177)

A […] história […] das instituições e organizações, dos locais onde o trabalho sociológico foi realizado, porque nenhuma idéia existe por si mesma, em um vácuo; as idéias só existem porque são levadas adiante por pessoas que trabalham em organizações que perpetuam essas idéias e as mantêm vivas. (Becker 1996:177)

WILLIAM I. THOMAS

Mesmo que um aluno não saiba mais nada sobre Thomas, ele provavelmente conhece a frase que o tornou famoso: “se um homem define uma situação como real, ela se torna real em suas conseqüências”. Esta foi sua primeira elaboração do conceito de “definição de situação” como elemento crucial para a compreensão da sociedade e da ação social. (Becker 1996:178-9)

ROBERT E. PARK

Logo em seus primeiros tempos em Chicago, Park escreveu um ensaio sobre a cidade, encarando-a como um laboratório para a investigação da vida social. Ele tinha uma idéia central sobre a história do mundo naquela época, sobre o que estava ocorrendo, idéia que resumiu ao dizer: “hoje, o mundo inteiro ou vive na cidade ou está a caminho da cidade; então, se estudarmos as cidades, poderemos compreender o que se passa no mundo”. Assim, Park organizou seus alunos para esse empreendimento. (Becker 1996:180)

Park era muito eclético em termos de método. Se achasse que era possível mensurar alguma coisa, ótimo, se não o fosse, ótimo também. (Becker 1996:182)

INTERACIONISMO (ou o que significa “desempenhar” uma estrutura/instituição)

[M]uitos de nós, alunos de Hughes, Blumer, Warner, […] [a]chávamos
que, de alguma maneira, éramos diferentes [dos “outros que tinham ido para Columbia, Michigan ou Harvard”]. […] A noção de interação simbólica pode dar conta do que quero dizer […]. Uma das idéias certamente predominantes referia-se à oposição a noções como as de organização social e estrutura social, muito comuns no pensamento dos egressos de Harvard ou Columbia, entre os alunos de Robert Merton, Talcott Parsons, bem como no pensamento de certos antropólogos ingleses, que usavam a metáfora da estrutura social de modo excessivamente reificado. Penso que para nós, ao contrário, uma das idéias mais importantes era a de que a organização social consiste apenas em pessoas que fazem as mesmas coisas juntas, de maneira muito semelhante, durante muito tempo. Ou seja, para nós a unidade básica de estudo era a interação social, pessoas que se reúnem para fazer coisas em comum – exemplificando com um tema antropológico, para constituir uma família, para criar um sistema de parentesco. Disso decorre que um sistema de parentesco é formado pelas ações de pessoas que fazem as coisas que se supõe que parentes devam fazer, e que, enquanto o fizerem, teremos um sistema de parentesco. Quando não o fizerem mais, o sistema de parentesco se torna outra coisa. Portanto, o que nos interessava eram os modos de interação, especialmente as interações repetitivas das pessoas, modos estes que permanecem os mesmos dia após dia, semana após semana. Às vezes, esses modos de agir se alteram substancialmente, devido a uma revolução ou desastre natural, mas, outras vezes, a mudança se dá muito lentamente, à medida que as circunstâncias se modificam. (Becker 1996:186)

PÓS 2a G.M.

[T]erminada a Segunda Guerra Mundial, a Escola de Chicago, de certo modo, deixou Chicago; o próprio Departamento voltou-se, como instituição, para uma perspectiva mais ligada ao survey e à pesquisa quantitativa, tornando-se menos aberto a estudos com abordagem antropológica. (Becker 1996:187)

LINHAGEM ANTROPOLÓGICA DE BECKER (autodeclarada)

Simmel, Park, Hughes, Becker. (Becker 1996:188)


Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Grupo de Pesquisa Conhecimento, Tecnologia e Mercado (CTeMe).
Laboratório de Sociologia dos Processos de Associação (LaSPA).

Bibliografia:

ABBOTT, Edwin A. 2002. Planolândia: um romance de muitas dimensões. (trad. Leila de S. Mendes) São Paulo: Conrad. [1884]

ANTUNES, Arnaldo. 2006. Como é que chama o nome disso: Antologia. São Paulo: Publifolha.

BALDWIN, James M. 1901. Dictionary of Philosophy and Psychology. New York: Macmillan.

BACON, Francis. 1620. Novum Organum; ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza.. Tradução usada: José Aluysio Reis de Andrade..

BARRON, Colin (ed.). 2003. A strong distinction between humans and non-humans is no longer required for research purposes: a debate between Bruno Latour and Steve Fuller. History of the Human Sciences 16(2):77-99.

BECKER, Howard. 1996. Conferência: a Escola de Chicago. Mana 2(2):177-88.

BENJAMIN, Walter. 1994. Pequena história da fotografia. (Trad. Sergio P. Rouanet) In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense. [1931]

BOURDIEU, Pierre. 2008. A distinção: crítica social do julgamento. (trad. Daniela Kern; Guilherme J.F. Teixeira) São Paulo: Edusp. [1979]

CALLON, Michel. 1987. Society in the making: the study of technology as a tool for sociological analysis. In: Wiebe E. Bijker; Thomas P. Hugues; Trevor J. Pinch. (eds.). The social construction of technological systems: new directions in the sociology and history of technology. Cambridge: The MIT Press, pp.83-103.

CALLON, Michel; LATOUR, Bruno. 1981. Unscrewing the big Leviathan: how actors macro-structure reality and how sociologists help them to do so. In: K. Knorr-Cetina; A.V. Cicourel (eds.). Advances in social theory and methodology: toward and integration of micro- and macro-Sociologies. Boston: Routledge; Kegan Paul, pp.277-303.

CHABOT, Pascal (coord.). 2002. Simondon. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin.

CHÂTELET, Gilles (coord). 1994. Gilbert Simondon: une pensée de l'individuation et de la technique. Paris: Albin Michel.

CHIARCOS, Christian; SCHENK, Niko. 2019. Book generation system pipeline. In: Beta Writer. Lithium-ion batteries: a machine-generated summary on current research. Heidelberg: Springer, pp. x-xxiiii.

COMBES, Muriel. 1999. Simondon: individu et collectivité - Pour une philosophie du transindividuel. Paris: PUF.

DELEUZE, Gilles. 1996. O atual e o virtual. In: Éric Alliez. Deleuze Filosofia Virtual. (trad. Heloísa B.S. Rocha) São Paulo: Ed.34, pp.47-57.

DELEUZE, Gilles. 2006. A ilha deserta e outros textos: textos e entrevistas (1953-1974). São Paulo: Iluminuras. [2002]

DOUGLAS, Mary. 1986. How institutions think. Syracuse: Syracuse University Press.

DURKHEIM, Émile. 1995. As regras do método sociológico (Trad. Paulo Neves) São Paulo: Martins Fontes. [1895]

DURKHEIM, Émile. 1996. As formas elementares da vida religiosa. (Trad. Paulo Neves) São Paulo: Martins Fontes [1912]

DURKHEIM, Émile. 2002. Les règles de la méthode sociologique. Chicoutimi: Les Classiques des Sciences Sociales. [1894].

DURKHEIM, Émile. 2013. Educação e Sociologia. (Trad. Stephania Matousek) Petrópolis: Vozes.

FERNANDES, Florestan. 1974. Elementos de sociologia teórica. São Paulo: Editora Nacional.

GALLOWAY, Alexander R.; THACKER, Eugene. 2007. The exploit: a theory of networks. Minneapolis: University of Minnesota Press.

GANE, Nicholas. 2004. The future of social theory. London: Continuum.

GELL, Alfred. 1980. The Gods at Play: Vertigo and possession in Muria religion. Man 15(2):219-48.

GELL, Alfred. 1988. Technology and magic. Anthropology Today 4(2):6-9.

GELL, Alfred. 1997. Exalting the King and obstructing the State: a political interpretation of Royal Ritual in Bastar District, Central India. The Journal of the Royal Anthropological Institute 3(3):433-50.

GELL, Alfred. 1998. Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press

GELL, Alfred. 2006. Vogel's net: traps as artworks and artworks as traps. In: Howard Morphy; Morgan Perkins (eds.). The Anthropology of Art: A Reader. Oxford: Blackwell, pp.219-35.

GIDDENS, Anthony. 1984. The constitution of society: outline of the theory of structuration. Berkeley: University of California Press.

GUATTARI, Félix. 1992. Caosmose: um novo paradigma estético. (Trad. Ana Lúcia de Oliveira; Lúcia C. Leão) São Paulo: Ed.34.

HARAWAY, Donna. 1988. Situated knowledges: the science question in feminism and the priviledge of partial perspective. Feminist Studies 14(3):575-99.

HARAWAY, Donna. 1995. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. (Trad. Mariza Corrêa) Cadernos PAGU 5:7-41. [1988]

HECHTER, Michael; HORNE, Christine (Eds.). 2003. Theories of social order: a reader. Stanford: Stanford University Press.

HUME, David. 2007. Of the association of ideas. In: An enquiry concerning human understanding. Oxford: Oxford University Press, pp.16-7. [1748]

GALLOWAY, Alexander R.; THACKER, Eugene. 2007. The exploit: a theory of networks. Minneapolis: University of Minnesota Press

GIDDENS; Anthony; TURNER; Jonathan (orgs.). 1999. Teoria Social Hoje. (Trad. Gilson C. Cardoso de sousa) São Paulo: Editora Unesp. [1987]

KUGLER, Peter N.; TURVEY, Michael T. 1987. Information, natural law, and the self-assembly of rhythmic movement. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates.

LALANDE, André. 1956. Vocabulaire technique et critique de la Philosophie. Paris: P.U.F.

LAMARRE, Thomas. 2013. Preface. In: Muriel Combes. Gilbert Simondon and the Philosophy of the Transindividual. (Trad. Thomas LaMarre) Cambridge: The MIT Press, pp. xiii-xviii.

LAMARRE, Thomas. 2013. Afterword: Humans and machines. In: Muriel Combes. Gilbert Simondon and the Philosophy of the Transindividual. (Trad. Thomas LaMarre) Cambridge: The MIT Press, pp. 79-108

LATOUR, Bruno. 1986. The powers of association. In: John Law (ed.). Power, action and belief: a new Sociology of Knowledge? London: Routledge & Kegan Paul, pp.264-80.

LATOUR, Bruno. 1988. The Pasteurization of France. (Trads. Alan Sheridan; John Law). Cambridge: Harvard University Press. [1984]

LATOUR, Bruno. 1992. Where are the missing masses? The sociology of a few mundane artifacts. In: Wiebe E. Bijker; John Law (eds.). Shaping technology/building society: studies in sociotechnical change. Cambridge: The MIT Press, pp.225-58.

LATOUR, Bruno. 1994. On technical mediation: Philosophy, Sociology, Genealogy. Common Knowledge 3(2):29-64.

LATOUR, Bruno. 2000. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. (Trad. Ivone C. Benedetti) São Paulo: Editora Unesp. [1987]

LATOUR, Bruno. 2002. Morality and technology: the end of the means. Theory, Culture & Society 19(5/6):247-60.

LATOUR, Bruno. 2004. Por uma antropologia do centro. Mana 10(2):397-414.

LATOUR, Bruno. 2004. Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções. In: André Parente (org.). Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. (Trad. Marcela Mortara) Porto Alegre: Sulina, pp.39-63.

LATOUR, Bruno. 2006. Como prosseguir a tarefa de delinear associações? Configurações 2:11-27. [2005]

LATOUR, Bruno. 2010. Tarde's idea of quantification. In Matei Candea (Ed.). The social after Gabriel Tarde: debates and assessments. London: Routledge, pp.145-62.

LATOUR, Bruno. 2011. Avoir ou ne pas avoir de réseau: that’s the question. In: Madeleine Akrich; Yannick Barhe; Fabian Muniesa; Philippe Mustar (orgs.). Débordements: mélanges offerts à Michel Callon. Paris: Presses de Mines, pp.257-67.

LATOUR, Bruno. 2012. Biografia de uma investigação – a propósito de um livro sobre modos de existência. São Paulo: Editora 34.

LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. 1986. Laboratory life: the construction of scientific facts. Princeton: Princeton University Press. [1979]

LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. 1997. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. (Trad. Angela R. Vianna) Rio de Janeiro: Relume Dumará. [1988]

LAW, John; LODGE, Peter. 1984. Science for social scientists. London: Macmillan Press.

LÉVI-STRAUSS. Claude. 2002. O pensamento selvagem. (Trad. Tânia Pellegrini) Campinas: Papirus. [1962]

LÉVI-STRAUSS. Claude. 2012. Antropologia estrutural. (Trad.: Beatriz Perrone-Moisés) São Paulo: CosacNaify.

MARX, Karl. 1845. Teses sobre Feuerbach. Marxists.org.

MAUSS, Marcel. 2003. Sociologia e Antropologia. (trad. Paulo Neves) São Paulo: Cosac & Naify. [1950] [Versão eletrônica em francês]

MCLUHAN, Marshall. 1994. Understanding media: the extensions of man. Cambridge: The MIT Press. [1964]

MERLEAU-PONTY, Maurice. 2000. A Natureza: curso do Collège de France.. (trad. Álvaro Cabral) São Paulo: Martins Fontes. [1956-60]

MORENO, Jacob L. 1934. Who shall survive? A new approach to the problem of human interrelations. Washington, D.C.: Nervous and Mental Disease Publishing Co.

PASQUINELLI, Matteo; JOLER, Vladan.2020. The Nooscope manifested: artificial intelligence as instrument of knowledge extractivism. KIM research group (Karlsruhe University of Arts and Design) and Share Lab (Novi Sad), 1 May 2020.

PEIRCE, Charles S. 1974. Conferências sobre pragmatismo. (Trad. Armando M. D'Oliveira; Sergio Pomerangblum) In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, pp.11-66 [1902; 1905]

PETROVIC, Gajo. 2001. Práxis. In: Tom Bottomore (Ed.). Dicionário do Pensamento Marxista. (Trad. Waltensir Dutra) Rio de Janeiro: Zahar, pp.292-6. [1983]

PLOTKIN, Mark J. 1993. Tales of a shaman's apprentice: an ethnobotanist searches for new medicines in the Amazon rain forest. New York: Viking.

POVINELLI, Elizabeth A. 2017. The three figures of Geontology. In: Richard Grusin (ed). Anthropocene Feminism. Minneapolis: University of Minnesota Press, pp.49-64.

SCHOENENBERGER, Henning. 2019. Introduction. In: Beta Writer. Lithium-ion batteries: a machine-generated summary on current research. Heidelberg: Springer, pp. v-x.

SCHRÖDINGER, Erwin. 1993. What is life? The physical aspect of the living cell, with Mind and matter & Autobiographical sketches. Cambridge: Cambridge University Press. [1944]

SCHUESSLER, Karl (ed.). 1973. Edwin H. Sutherland: on analyzing crime. Chicago: The University of Chicago Press.

SILLAMY, Norbert. 1965. Dictionaire de la psychologie. Paris: Larousse.

SIMONDON, Gilbert. 1994. Les limites du progrès humain. In Gilles Châtelet (Coord). Gilbert Simondon: une pensée de l'individuation et de la technique. Paris: Albin Michel, pp.268-75. [1959]

SIMONDON, Gilbert. 2008. Du mode d'existence des objets techniques. Paris: Aubier-Montaigne. [1958]

SIMONDON, Gilbert. 2010. Communication et information: cours et conférences. Édition établie par Nathalie Simondon et présentée par Jean-Yves Chateau. Chatou: Les Éditions de la Transparence. [1960-1976]

SIMONDON, Gilbert. 2014. Sur la technique (1953-1983). Paris: PUF.

SOROKIN, Pitirim A. 1998. On the practice of Sociology. Barry V. Johnston (Ed.) Chicago: The University of Chicago Press.

STRUM, Shirley S.; LATOUR, Bruno. 1987. Redefining the social link: from baboons to humans. Social Science Information 26(4):783-802.

SUTHERLAND, Edwin H. 1949. Uma teoria de Criminologia. In: Princípios de Criminologia. (trad. Asdrubal M. Gonçalves) São Paulo: Livraria Martins, pp.9-18. [1924]

TARDE, Gabriel. 2011. As leis sociais: um esboço de sociologia. (Trad.: Francisco T. Fuchs) Niterói: Editora da UFF. [1898]

VARGAS, Eduardo V. 2006. Uso de drogas: a alter-ação como evento. Revista de Antropologia 49(2):581-623.

WHITEHEAD, Alfred N. 1971. The concept of Nature. Cambridge: Cambridge University Press. [1919]

WIENER, Norbert. 1989. The human use of human beings: Cybernetics and society. London: Free Association Books. [1950]

Blog Stats

  • 128.092 hits